segunda-feira, 22 de outubro de 2018

A transição da escrita Páleo-hebraica para a escrita Aramaica-assíria nas Escrituras

A transição da escrita Páleo-hebraica para a escrita Aramaica-assíria nas Escrituras Sagradas do Antigo Testamento
Um breve resumo sobre a transição da escrita hebraica antiga (agora chamada de "Paleo-hebraica") para a escrita ashurith (assíria, mas agora chamada de "Hebraica").

 

Como todas as formas de alfabetos que foram aperfeiçoadas ao longo dos séculos, a escrita do oriente médio não fugiu à regra. Os fenícios, também conhecidos como “povos do mar”, hábeis navegadores e comerciantes, tiveram contato com diversos povos e, como eram inteligentes, assimilavam o que de melhor aprendiam destes povos, e muitas vezes aperfeiçoavam para o que achavam mais prático. Também conheceram diversas formas de escritas pictográficas, principalmente as egípcias e, com base nelas, por volta do ano 1200 a.C., aperfeiçoaram um forma de escrita mais prática e mais rápida de se escrever, ou seja, um alfabeto fonético contendo 22 caracteres consonantais, o chamado alap-bith (alef-beth = as duas primeiras letras do seu alfabeto). Os arameus, assírios, hebreus, dentre outros povos, assimilaram o alfabeto fenício com 22 letras, conservando seus nomes com adaptação na pronúncia, mas cada povo fez pequenas modificações nas letras que as identificavam como suas peculiares. A escrita aramaica/assíria foi aperfeiçoada ao longo dos séculos pelos escribas dos impérios da Mesopotâmia (Assíria e Babilônia) em um sistema de escrita compacto e disciplinado que pode conter muitas informações em uma página (como exigido por uma administração imperial), pois os caracteres da escrita primitiva não se encaixavam no mesmo modelo e tendiam a ser inclinados, em vez de orientados verticalmente, ocupava muito espaço, como podemos ver nessas figuras:


Contrastando com a escrita acima, a escrita assíria (ashurith) era bem mais prática, como podemos ver nesse exemplo do ano 515 a.C.:




Com a ida do Reino de Israel para o cativeiro assírio no ano 721 a.C. (2Reis 17,5-6) e do reino de Judá um pouco mais de um século depois para o cativeiro em Babilônia (2Reis 24 e 25), os judeus assimilaram a escrita assíria também usada em Babilônia nos setenta anos de cativeiro por ser o alfabeto assírio essencialmente o mesmo que o hebraico / cananeu (em termos dos nomes e funções das letras). Assim sendo, fazia sentido usar a escrita assíria para contar as histórias e as leis da Bíblia Hebraica proposta para a escrita por ser mais compacta e fácil de seguir numa linha reta. Muitos atribuem essa mudança a Esdras (Ezra), o escriba. Em termos modernos, você pode comparar a mudança de caracteres góticos para fontes serif como Times ou Garamond (gótico: ℭ = C, ℑ = I, ℜ = R, etc.).


No entanto, a decisão foi emocionalmente violenta, porque significava abandonar a escrita ancestral que serviu ao país por pelo menos mil anos. Então, para minimizar a decisão, ela foi enterrada em uma parte obscura do Talmud (o Tratado de Sanhedrin [san-hedrin = Sinédrio] - um dos dez tratados do Seder Neziqin, que lida com danos, isto é, processos civis e criminais), e à escrita assíria (agora utilizada pelos judeus) acabou sendo dado um nome mais neutro de ktav merubá (Escrita Quadrada), na esperança de que a troca acabasse sendo esquecida. E assim foi, pois a antiga escrita hebraica foi brevemente relançada para ser relegada a inscrições puramente cerimoniais – como em moedas ou para o santo nome de Deus em seletas passagens bíblicas em pergaminhos por seitas dissidentes como os essênios (que escreveram os Manuscritos do Mar Morto) - mas deixadas para desaparecer na obscuridade. Assim, no início da Era Comum, muito poucos judeus poderiam até lê-la e de fato a associavam aos samaritanos.” (Jonathan Orr-Stav em https://www.ancient-hebrew.org/ancient-alphabet/transition-from-paleo-hebrew-to-aramaic.htm

 Ainda no mesmo site:

Já em 1691, essa conexão entre os samaritanos e os alfabetos hebraicos "antigos" foi feita por Henry Dodwell: "[os samaritanos] ainda preservam [o Pentateuco] nos caracteres hebraicos antigos."

Humphrey Prideaux também escreve em 1799; "E esses cinco livros [dos samaritanos] ainda têm entre eles, escritos no antigo caráter hebreu ou fenício, que estavam em uso entre eles antes do cativeiro babilônico, e nos quais essas e todas as outras escrituras foram escritas, até que Esdras as transcreveu para os caldaicos [aramaico]".

Essa mesma teoria é apresentada na edição de 1831 da Enciclopédia Americana; "Durante o cativeiro babilônico, eles receberam dos caldeus o caráter quadrado de uso comum; e na época de Esdras, os antigos manuscritos hebraicos foram copiados em caracteres caldeus [aramaicos]". (https://www.ancient-hebrew.org/ancient-alphabet/paleo-hebrew-alphabet.htm

Os samaritanos até hoje utilizam o antigo alfabeto desde quando o Pentateuco foi recebido por Moisés, como podemos ver no exemplo abaixo:

 
O mais interessante que, no início, os soferim (escribas) judeus, ao recopiarem os livros do Antigo Testamento com a "nova" escrita, onde se deparavam com o antigo nome de Deus, não o transcreviam para essa escrita pagã assíria, mas o deixavam em sua forma hebraica antiga (agora chamada de “paleo hebraica”), como podemos ver em muitos manuscritos achados em Qumran e no Egito. Veja alguns exemplos:


Resumindo, a maioria dos judeus e muitos judeólatras que chamam a atual escrita hebraica de q'doshah (santa), na verdade esta é uma escrita pagã assírio-aramaica que foi rebatizada de hebraica (hebraica quadrada). 


Mas foi um erro ou pecado essa mudança radical? Em minha opinião, de maneira nenhum, pois somente foram mudadas a forma das letras, mas o texto antigo e sua mensagem original continuaram as mesmas, com exceção de alguns manuscritos com variantes por erros de copistas posteriores.

Compare as duas formas de escritas: a antiga original e a atual.

Algumas fontes de pesquisa:





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𝓛𝓾𝓲𝓼 𝓐𝓷𝓽𝓸𝓷𝓲𝓸 𝓒𝓪𝓬𝓮𝓻𝓮𝓰𝓮✍️ܠܘܝܣ

cacerege@gmail.com

Manaus - Amazonas - Brasil

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Outros estudos já postados:


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02- O espiritismo segundo [alguns] “evangélicos”

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24- A História do Universo (O Livro de Melquisedeque)

25- O Tetragrama na Septuaginta Grega (LXX)

26- Os sabatistas e judaizantes "pira" - parte 1

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29- Os sabatistas e judaizantes "pira" - parte 2

30- As Três Testemunhas da Aspersão

31- Os sabatistas e judaizantes "pira" - parte 2

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33- Memra/Davar nos Targuns Aramaicos – parte-1

34- Memra/Davar nos Targuns Aramaicos – parte-2

35- Casamento: Instituição Divina (Ideologia de Gênesis) 

36- O Servo Sofredor de Isaías 53 na visão judaica, antiga e moderna

37- Chamar o arco celeste de ARCO-ÍRIS é reverenciar uma entidade pagã?

38- E todos os anjos de Deus o ADOREM

39- O Grande Deus e Salvador Jesus Cristo


Obs.: É permitido a cópia para republicações, desde que cite o autor e as respectivas fontes principais e intermediária.


Por: Luís Antônio Lima dos Remédios 


Luís - ܠܘܝܣ- לואיס - 𐤋𐤅𐤀𐤉𐤎 - Ⲗⲟⲩⲓⲥ - Λουίς✍️


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