A transição da escrita Páleo-hebraica para
a escrita Aramaica-assíria nas Escrituras Sagradas do Antigo Testamento
Um breve resumo sobre a
transição da escrita he1braica antiga (agora chamada de "Paleo-hebraica") para a
escrita ashurith (assíria, mas agora chamada de "Hebraica").
Como todas as formas de alfabetos que foram aperfeiçoadas ao longo
dos séculos, a escrita do oriente médio não fugiu à regra. Os fenícios, também
conhecidos como “povos do mar”, hábeis navegadores e comerciantes, tiveram
contato com diversos povos e, como eram inteligentes, assimilavam o que de
melhor aprendiam destes povos, e muitas vezes aperfeiçoavam para o que achavam
mais prático. Também conheceram diversas formas de escritas pictográficas,
principalmente as egípcias e, com base nelas, por volta do ano 1200 a.C.,
aperfeiçoaram um forma de escrita mais prática e mais rápida de se escrever, ou
seja, um alfabeto fonético contendo 22 caracteres consonantais, o chamado
alap-bith (alef-beth = as duas primeiras letras do seu alfabeto). Os arameus,
assírios, hebreus, dentre outros povos, assimilaram o alfabeto fenício com 22
letras, conservando seus nomes com adaptação na pronúncia, mas cada povo fez
pequenas modificações nas letras que as identificavam como suas peculiares. A
escrita aramaica/assíria foi aperfeiçoada ao longo dos séculos pelos escribas
dos impérios da Mesopotâmia (Assíria e Babilônia) em um sistema de escrita
compacto e disciplinado que pode conter muitas informações em uma página (como
exigido por uma administração imperial), pois os caracteres da escrita
primitiva não se encaixavam no mesmo modelo e tendiam a ser inclinados, em vez
de orientados verticalmente, ocupava muito espaço, como podemos ver nessas
figuras:
Contrastando com a escrita acima, a escrita
assíria (ashurith) era bem mais prática, como podemos ver nesse exemplo do ano
515 a.C.:
Com a ida do Reino de Israel para o
cativeiro assírio no ano 721 a.C. (2Reis 17,5-6) e do reino de Judá um pouco
mais de um século depois para o cativeiro em Babilônia (2Reis 24 e 25), os
judeus assimilaram a escrita assíria também usada em Babilônia nos setenta anos
de cativeiro por ser o alfabeto assírio essencialmente o mesmo que o hebraico /
cananeu (em termos dos nomes e funções das letras). Assim sendo, fazia sentido
usar a escrita assíria para contar as histórias e as leis da Bíblia Hebraica
proposta para a escrita por ser mais compacta e fácil de seguir numa linha
reta. Muitos atribuem essa mudança a Esdras (Ezra), o escriba. Em termos modernos, você pode comparar a mudança de caracteres góticos
para fontes serif como Times ou Garamond (gótico: ℭ = C, ℑ = I, ℜ = R, etc.).
“No
entanto, a decisão foi emocionalmente violenta, porque significava abandonar a
escrita ancestral que serviu ao país por pelo menos mil anos. Então, para
minimizar a decisão, ela foi enterrada em uma parte obscura do Talmud (o
Tratado de Sanhedrin [san-hedrin = Sinédrio] - um dos dez tratados do Seder
Neziqin, que lida com danos, isto é, processos civis e criminais), e à escrita
assíria (agora utilizada pelos judeus) acabou sendo dado um nome mais neutro
de ktav merubá (Escrita Quadrada), na esperança de que a troca acabasse
sendo esquecida. E assim foi, pois a antiga escrita hebraica foi brevemente
relançada para ser relegada a inscrições puramente cerimoniais – como em moedas
ou para o santo nome de Deus em seletas passagens bíblicas em pergaminhos por
seitas dissidentes como os essênios (que escreveram os Manuscritos do Mar
Morto) - mas deixadas para desaparecer na obscuridade. Assim, no início da Era Comum,
muito poucos judeus poderiam até lê-la e de fato a associavam aos samaritanos.”
(Jonathan Orr-Stav
em https://www.ancient-hebrew.org/ancient-alphabet/transition-from-paleo-hebrew-to-aramaic.htm
Ainda no mesmo site:
Já em 1691, essa conexão entre
os samaritanos e os alfabetos hebraicos "antigos" foi feita por Henry
Dodwell: "[os samaritanos] ainda preservam [o Pentateuco] nos caracteres
hebraicos antigos."
Humphrey Prideaux também escreve
em 1799; "E esses cinco livros [dos samaritanos] ainda têm entre eles,
escritos no antigo caráter hebreu ou fenício, que estavam em uso entre eles
antes do cativeiro babilônico, e nos quais essas e todas as outras escrituras
foram escritas, até que Esdras as transcreveu para os caldaicos [aramaico]".
Essa mesma teoria é apresentada
na edição de 1831 da Enciclopédia Americana; "Durante o cativeiro
babilônico, eles receberam dos caldeus o caráter quadrado de uso comum; e na
época de Esdras, os antigos manuscritos hebraicos foram copiados em caracteres
caldeus [aramaicos]". (https://www.ancient-hebrew.org/ancient-alphabet/paleo-hebrew-alphabet.htm
Os
samaritanos até hoje utilizam o antigo alfabeto desde quando o Pentateuco foi
recebido por Moisés, como podemos ver no exemplo abaixo:
O mais interessante que, no início, os
soferim (escribas) judeus, ao recopiarem os livros do Antigo Testamento com a "nova" escrita, onde se
deparavam com o antigo nome de Deus, não o transcreviam para essa escrita pagã
assíria, mas o deixavam em sua forma hebraica antiga (agora chamada de “paleo
hebraica”), como podemos ver em muitos manuscritos achados em Qumran e no
Egito. Veja alguns exemplos:
Resumindo, a maioria dos judeus e muitos
judeólatras que chamam a atual escrita hebraica de q'doshah
(santa), na verdade esta é uma escrita pagã assírio-aramaica que foi rebatizada
de hebraica (hebraica quadrada).
Mas foi um erro ou pecado
essa mudança radical? Em minha opinião, de maneira nenhuma, pois somente foram
mudadas a forma das letras, mas o texto antigo e sua mensagem original
continuaram as mesmas, com exceção de alguns manuscritos com variantes por erros
de copistas posteriores.
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Compare as duas formas de escritas: a antiga original e a atual. |
Algumas
fontes de pesquisa:
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𝓛𝓾𝓲𝓼 𝓐𝓷𝓽𝓸𝓷𝓲𝓸 𝓒𝓪𝓬𝓮𝓻𝓮𝓰𝓮✍️ܠܘܝܣ
cacerege@gmail.com
Manaus - Amazonas - Brasil
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Outros estudos já postados:
01- O Novo Testamento NÃO Foi Escrito em Hebraico e/ou Aramaico
02- O espiritismo segundo [alguns] “evangélicos”
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24- A História do Universo (O Livro de Melquisedeque)
25- O Tetragrama na Septuaginta Grega (LXX)
26- Os sabatistas e judaizantes "pira" - parte 1
27- A transição da escrita Páleo-hebraica para a Aramaica-assíria nas Escrituras
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Obs.: É permitido a cópia para republicações, desde que cite o autor e as respectivas fontes principais e intermediária.
Por: Luís Antônio Lima dos Remédios
Luís - ܠܘܝܣ- לואיס - 𐤋𐤅𐤀𐤉𐤎 - Ⲗⲟⲩⲓⲥ - Λουίς✍️
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